domingo, 20 de janeiro de 2008

ULISSES NO HADES


Ulisses vendo a sombra de Hércules

"Quando Ulisses convoca a sombra dos mortos em redor da vala de sangue, não encontro erro nenhum nessa história; mas antes a situação humana e a relação dos vivos aos mortos está ali descrita sem uma falta; este jogo da imaginação soa poderoso e justo como uma bela sinfonia. Os mortos estão à nossa volta e principalmente misturados às nossas percepções nocturnas e crepusculares; porque pelo enfraquecimento e a confusão das percepções verdadeiras, as nossas recordações ganham importância."

"Propos de Littérature" (Alain)


Não se pode provar a influência dos mortos sobre os vivos porque eles não existem no sentido físico.

Como é que algo que não tem existência, nem sequer a forma dum gás ou do flogisto poderia ser uma força entre as forças, uma coisa entre as coisas?

Se Deus fosse outro nome para essa outra humanidade, imensa, que nos envolve desde o princípio dos tempos e nos inspira pelas vias mais secretas e misteriosas, seria já um fundamento da religião na verdade humana.

Não é por acaso que Auguste Comte idealizou uma religião da Humanidade.

Mas, de facto, a Humanidade é transcendente em relação àquilo que sabemos.

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