quarta-feira, 22 de março de 2017

A MASSAGEM DA COMUNICAÇÃO

Marshall McLuhan (1911/1980)

"Só que o ser humano já não é o sujeito da comunicação. A comunicação constituiu-se em sistema autónomo. Não são os homens que comunicam, segundo a teoria dos sistemas, mas a comunicação, enquanto sistema, que comunica consigo mesma. Enquanto sistema auto-referencial, a comunicação está fechada sobre si própria, mas tem necessidade da consciência como meio ambiente."

"(...) A comunicação comunica e não pensa; a consciência pensa e não comunica."
"Do prefácio de Lukas K. Sosoe a "La Confiance", de Niklas Luhmann"

Não vem esta ideia na directa descendência do célebre "O medium é a mensagem" de Marshall McLuhan? Também o teórico canadiano nos confrontava com o paradoxo de, no momento em que pensávamos que só os conteúdos, e só eles, podiam transmitir uma ideia, explicita ou implicitamente, eis que a ideia, na verdade alargada à percepção e ao comportamento, se encontra no que considerávamos um simples instrumento, uma técnica semioticamente neutra.

Se a comunicação é um sistema, não pode ter um sujeito que a pense. Em contrapartida, deve reger-se por uma lógica própria e distingue-se dos outros sistemas por o seu "conteúdo" ser precisamente a mensagem.

Sabemos que a consciência não pode transmitir-se directamente e que a linguagem, enquanto medium, nos impõe o seu próprio código. Mas é mais fácil conceber a comunicação como um sistema, com as suas regras de produção e o seu protocolo de difusão, do que fazê-lo em relação à linguagem.

Assim, qual é a "massagem" da mensagem, enquanto comunicação?

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