sábado, 8 de abril de 2017

CONFIANÇA E CONTROLE

(http://code.gnu-designs.com/Lots-o-Gadgets.jpg)



"É sensato adiar as decisões até que o curso do tempo tenha produzido acontecimentos e reduzido mais a complexidade. O dinheiro, o poder e a verdade constituem (...) mecanismos sociais que permitem adiar decisões ao mesmo tempo que as garantem e, portanto, viver com um futuro duma complexidade indeterminada e mais elevada."

"La confiance" (Niklas Luhmann)

Ao mesmo tempo que propõe que se distinga a confiança do domínio dos acontecimentos, Luhmann alerta para o facto do progresso da civilização tecno-científica não nos permitir um domínio das coisas que possa substituir a confiança.

"Será mais de contar com a necessidade de se apelar cada vez mais à confiança, a fim de se poder suportar a complexidade do futuro engendrado pela técnica."

Podemos verificar no nosso dia a dia o fenómeno de substituição do controle pela confiança. Os nossos aparelhos, cada vez mais sofisticados, seriam uma fonte de grande insegurança se não pudéssemos confiar em toda a panóplia de serviços que asseguram a sua manutenção e reparação, e se o mercado não nos oferecesse a possibilidade de os substituir pelo mesmo ou outro modelo, mais longe ainda do nosso controle.

Também não conhecemos e muito menos dominamos o funcionamento do nosso corpo ao nível celular, sem deixarmos de reivindicar o autocontrole.

É a confiança nos automatismos biológicos que nos permite a liberdade de movimentos.

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